segunda-feira, 27 de junho de 2016

MP decide que promotor pode dar surra de cinto na mulher por “razão de fé”

MP decide que promotor pode dar surra de cinto na mulher por “razão de fé”

O Conselho Superior do Ministério Público Federal decidiu não haver motivos para exonerar o procurador da República Douglas Kirchner, acusado de torturar física e psicologicamente a própria mulher.
MP decide que promotor pode dar surra na mulher - ESTADO LAICS
Mais deprimente que a resolução do Conselho, em si, só a intervenção do conselheiro Carlos Frederico. Para ele, Kirchner APENAS sofre de transtornos mentais, e essa “fragilidade” (encher a mulher de porrada e prendê-la num quarto sem comida e sem banho) veio da “fé”.
Mais brilhante ainda foi a advogada, Janaína Paschoal: Ao encher a mulher de porrada, Kirchner estava exercendo o saudável direito de liberdade religiosa. Isso mesmo. Por essa razão, nunca houve qualquer razão para se aplicar a Lei Maria da Penha, no caso. “Ele está sendo punido por ter acreditado. O que está acontecendo aqui é um julgamento da fé”.
Os altos salários da instituição passaram a ser alvo de uma casta de classe média que, adestrada em cursinhos intensivos de preparação para concursos públicos, tem pouco ou nenhum compromisso com a democracia e os direitos de cidadania. Livre de qualquer controle social e sem nenhum vínculo de subordinação a nada nem a ninguém, cada promotor e procurador brasileiro virou um príncipe com poderes absolutos e indiscutíveis. O fato de estarem, agora, liberados para espancar mulheres em nome da fé é só uma consequência nefasta desse estado de coisas.

MANIFESTO DE ORGANIZAÇÕES DO CNDM EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO E DE DIREITO E EM REPÚDIO AO DESMONTE DA SPM.

MANIFESTO DE ORGANIZAÇÕES DO CNDM EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO E DE DIREITO E EM REPÚDIO AO DESMONTE DA SPM
O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, CNDM, constitui um marco na história política do Brasil. Sua criação em 1985 (Lei 7.353/85) representa a luta das mulheres brasileiras na afirmação de sua igualdade social como fator fundamental para um verdadeiro processo de democratização de nossas instituições políticas, após 21 anos de...
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Fórum Mulheres Mercosul Brasil
14 hMANIFESTO DE ORGANIZAÇÕES DO CNDM EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO E DE DIREITO E EM REPÚDIO AO DESMONTE DA SPM. 
O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, CNDM, constitui um marco na história política do Brasil. Sua criação em 1985 (Lei 7.353/85) representa a luta das mulheres brasileiras na afirmação de sua igualdade social como fator fundamental para um verdadeiro processo de democratização de nossas instituições políticas, após 21 anos de ditadura militar. O CNDM teve um papel fundamental na garantia dos direitos da mulher na Constituição de 1988.
Desde então o CNDM tem exercido a função de propor, avaliar e fiscalizar as políticas públicas com vistas a promoção dos direitos das mulheres (Decreto nº 8.202 de 2014). Exerce esse controle através de suas integrantes, representantes da diversidade do universo de mulheres brasileiras e atuantes na defesa de seus direitos através de redes, articulações, entidades de classe, associações, sindicatos e organizações não governamentais.
Cumprindo seus objetivos o CNDM coordenou as 4 grandes Conferencias Nacionais para a elaboração de políticas públicas para as mulheres, em articulação com a Secretaria de Políticas para as Mulheres-SPM. A esse ciclo virtuoso de conquistas e avanços, enfrentamos hoje o desmonte do Ministério da Mulher da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, que passa a ser. uma subsecretaria do Ministério da Justiça.
Acompanhamos, com muita preocupação e indignação, o desenrolar do golpe que a cada passo desmonta as políticas sociais, sobretudo com a Publicação da Nº 611/junho de 2016, que desmobilizou e inviabilizou por 90 dias todas as atividades dos Conselhos de Controle Social, vinculados ao Ministério da Justiça. Se não bastasse, outra grande perda com a publicação do decreto publicado no último dia 22/06/2016, transferindo e subtraindo os recursos no valor de R$12.927.981,00 já destinados à SPM, para Presidência da República.
Para além dos desmandos, das contradições e das irregularidades amplamente denunciadas, tanto do encaminhamento deste processo, quanto das figuras que o encaminham, sobre as quais pesam múltiplas e comprovadas acusações, preocupamo-nos também com o papel da grande mídia. Em ação determinada e articulada com setores do judiciário e do parlamento, esta mídia ora fabrica, ora repercute seletivamente notícias, fatos e factoides que ajudam a construir a versão de um crime inexistente que se quer legitimar, sem o menor respeito à diversidade em suas fontes, ou à pluralidade de opiniões, como deveria ser a função de uma mídia minimamente imparcial e descente. Quem são os beneficiários dessa manipulação?
Culparam a presidenta pela crise econômica em curso, embora saibam que a crise é global, e vem se arrastando, atingindo economias de grandes países capitalistas em todo o mundo. Utilizaram-se de repertórios machistas e misóginos para difamar a figura da presidenta eleita pelo simples fato de ser mulher. Charges, memes, hashtags pornográficas, adesivos alusivos ao estupro da presidenta, reportagens de jornais e revistas traduzem o duro viés do discurso misógino, fundado no patriarcalismo estrutural presente na sociedade brasileira. Os meios utilizados para desconstruir a imagem da presidenta Dilma enquanto gestora e mulher, não agridem somente a ela, agridem a todas nós mulheres e motivam a incitação e apologia do crime contra mulheres, tão evidenciado nos últimos dias.
A absurda reforma ministerial realizada pelo governo ilegítimo encabeçado pelo vice Michel Temer logo após a votação pela admissibilidade do processo de impeachment no Senado, modificou diversas prioridades políticas do mandato eleito democraticamente pela população brasileira. Vários ministérios foram limados ou desmontados. Qual será o destino dos programas sociais? Qual será o destino dos projetos que defendiam mulheres, negros, LGBTTs, pessoas com deficiência, pessoas sem moradia?
O nosso país é constituído majoritariamente de mulheres e de negros e o governo interino, de forma compatível com a atitude retrógrada e discriminadora, não indicou nenhuma mulher, nenhum negro para compor o primeiro escalão do seu governo ilegítimo. Além dessa atitude claramente machista e racista, indicou para dirigir as principais pastas da administração federal, um grupo de deputados federais que incluía vários investigados e com ordens de prisão decretadas conforme fartamente divulgado pela mídia.
Se não bastasse, o presidente ilegítimo nomeou a ex-deputada federal Fátima Pelaes que se opõe ao Estado laico e defende a submissão deste às crenças religiosas. A nova secretária, além de tudo, ainda é alvo de processo no seu Estado do Amapá, por desvio de quatro milhões de reais do Ministério do Turismo. Isso é uma agressão a todas as mulheres brasileiras que se manifestam contra sua nomeação por todo o país.
É inaceitável que os compromissos eleitos nas urnas sejam vendidos.
E lembrando Simone de Beauvoir: ESTAMOS VIGILANTES.
"Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.
Simone de Beauvoir
ASSINAM ESTE MANIFESTO AS ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL QUE COMPÕE O PLENO DO CNDM - EM 26 JUNHO DE 2016.
Redes e Articulações feministas e de defesa dos direitos das mulheres
1) Articulação Brasileira de Lésbicas/ABL
Conselheira: KAROLINE SOARES CHAVES
2) Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica/ABMCJ
Conselheira: RENATA SCHMIDT CARDOSO
3) Associação Nacional de Travestis e Transexuais/ANTRA
Conselheira: CHOPELLY GLAUDYSTTON PEREIRA DOS SANTOS
4) Confederação das Mulheres do Brasil/CMB
Conselheira: LIDIA CORREA DA SILVA
5) Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil –
BPW Brasil
Conselheira: EUNICE APARECIDA DA CRUZ
6) Fórum de Mulheres do Mercosul Brasil/FMM
Conselheira: JEANETE MAZZIEIRO
7) Fórum Nacional de Mulheres Negras/FNMN
Conselheira: SILVANA DO AMARAL VERISSIMO
8) Liga Brasileira de Lésbicas/LBL
Conselheira: SILVANA BRAZEIRO CONTI
9) Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia/MAMA
Conselheira: MARIA ANTONIA S. SALGADO
10) Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil/MMC
Conselheira: JUSTINANA INÊS CIMA
11) Parto do Princípio - Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa
Conselheira: CRISTIANE YUKIKO KONDO
12) Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos/RNFS
Conselheira: SHEILA REGINA SABAG KOSTIN
13) União Brasileira de Mulheres/UBM
Conselheira: LÚCIA HELENA RINCON AFONSO
14) União de Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira/UMIAB
Conselheira: ROSIMERE MARIA VIEIRA TELES
15) União Nacional dos Estudantes (UNE)
Conselheira: BRUNA COUTO ROCHA

Organizações de caráter sindical, associativa, Entidades de Classe que atuam
na promoção dos direitos das mulheres
1) Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)
Conselheira: Ana Maria Costa
2) Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil/CTB
Conselheira: Ivânia Pereira da Silva Teles
3) Central Única dos Trabalhadores/CUT
Conselheira: Mara Luzia Feltes
4) Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação/CNTE
Conselheira: Isis Tavares Neves
5) Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura/CONTAG
Conselheira: Alessandra da Costa Lunas
6) Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos/FENATRAD
Conselheira: Sueli Maria de Fátima Santos
7) Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria/CNTI
Conselheira: Sônia Maria Zerino da Silva
8) Conselho Federal de Psicologia (CFP)
Conselheira: Valeska Maria Zanello de Loyola
CONSELHEIRAS DE NOTÓRIO CONHECIMENTO DAS QUESTÕES DE GÊNERO
1) Jacqueline Pitanguy de Romani
CEPIA – Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação - pitanguy@cepia.org.br
2) CONSELHEIRA EMÉRITA: CLARA CHARF