segunda-feira, 27 de junho de 2016

MP decide que promotor pode dar surra de cinto na mulher por “razão de fé”

MP decide que promotor pode dar surra de cinto na mulher por “razão de fé”

O Conselho Superior do Ministério Público Federal decidiu não haver motivos para exonerar o procurador da República Douglas Kirchner, acusado de torturar física e psicologicamente a própria mulher.
MP decide que promotor pode dar surra na mulher - ESTADO LAICS
Mais deprimente que a resolução do Conselho, em si, só a intervenção do conselheiro Carlos Frederico. Para ele, Kirchner APENAS sofre de transtornos mentais, e essa “fragilidade” (encher a mulher de porrada e prendê-la num quarto sem comida e sem banho) veio da “fé”.
Mais brilhante ainda foi a advogada, Janaína Paschoal: Ao encher a mulher de porrada, Kirchner estava exercendo o saudável direito de liberdade religiosa. Isso mesmo. Por essa razão, nunca houve qualquer razão para se aplicar a Lei Maria da Penha, no caso. “Ele está sendo punido por ter acreditado. O que está acontecendo aqui é um julgamento da fé”.
Os altos salários da instituição passaram a ser alvo de uma casta de classe média que, adestrada em cursinhos intensivos de preparação para concursos públicos, tem pouco ou nenhum compromisso com a democracia e os direitos de cidadania. Livre de qualquer controle social e sem nenhum vínculo de subordinação a nada nem a ninguém, cada promotor e procurador brasileiro virou um príncipe com poderes absolutos e indiscutíveis. O fato de estarem, agora, liberados para espancar mulheres em nome da fé é só uma consequência nefasta desse estado de coisas.

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